Por: Bernardo Leopardi Gonçalves Barretto Bastos,
Diretor de Comunicação da ANPM. Procurador do Município de Rio Largo. Advogado. Engenheiro civil. Mestre em Engenharia pela PUC-Rio, ex-Procurador do município de São Paulo (SP). [email protected] e
Diego Leão da Fonseca,
Procurador do Município de Penedo (AL). Advogado. Administrador público. ex-Presidente da APROMAL (Associação dos Procuradores de Municípios do Estado de Alagoas). ex-Diretor social da ANPM (Associação Nacional dos Procuradores Municipais). [email protected]
A ideia de progresso é sedutora. Um movimento para frente garantindo que tudo funcione melhor. Que a sociedade esteja mais funcional e as pessoas mais felizes e realizadas. Quem não se sente atraído por essa promessa?
Muitos discutem se o progresso social é de fato possível. Outros, mais otimistas, chegam a advogar que o progresso é inevitável; que a história tem um curso definido e que a utopia é uma questão meramente de tempo.
Oxalá seja verdade, pois além de existir, nem precisamos nos esforçar, visto que o progresso seria inevitável. Se tudo não acabou bem, é porque ainda não se chegou ao fim, diriam os esperançosos.
Do ponto de vista da tecnologia há um consenso que tem havido progresso. Apesar de até o momento, com toda engenharia de materiais, ainda não termos conseguido reproduzir os violinos que Antonio Stradivari produziu no Século XVII, na maioria das áreas temos exemplos de que estamos no cume do desenvolvimento tecnológico, como no caso dos semicondutores, para ficar num só exemplo. Vivemos em um momento singular. Estamos no ápice da população, da expectativa de vida e da produção econômica mundial. Isso advoga em favor do progresso.
Claro que estar no topo da onda não significa que não haverá movimentos de queda.
Mas, mesmo nos dias mais otimistas, um observador crítico pode titubear em sua positividade. É que muitos sinais põem em dúvida o progresso. Fatos diários nos fazem questionar se a sociedade está a melhorar ou não. O início de uma guerra, uma pandemia, sempre atormentando a humanidade, ou mesmo questões novas como a possibilidade de um apocalipse climático causado por nós.
Ao lado das discussões entre otimistas e pessimistas antropológicos, observamos que as expressões em latim costumam nos lembrar que diversos vícios que encontramos hoje em dia não são muito diferentes do que acontecia milênios atrás.
No dia a dia dos advogados é comum encaixar um bonus pater familiae, ou um pacta sunt servanda para sinalizar situações que ocorrem hoje e ocorriam de forma similar nos tempos áureos do Império Romano.
A ambição desmedida das pessoas, denominada auri sacra fames está presente nos textos de Virgílio, no século I a.C.
Pouco antes de Virgílio, o prolífero jurista Quinto Múcio Cévola costumava fazer críticas ao sistema judicial e à produção legislativa que muito se assemelham às críticas atuais, afinal, os homens fazem leis que sejam convenientes para suas facções políticas e para si mesmos, acreditava sem qualquer romantismo legislativo. Mudam-se as leis de acordo com sua necessidade, desconfiando de qualquer lei duradoura, visto que, para ele, as leis se modificam conforme os homens precisem que elas se modifiquem.
Em Cícero, só para ficar na Roma antes de Cristo, repousam as mais diversas e profundas reflexões sobre a vida, a servir de alimento para os que se inspiram com o porvir e também de deleite para os imersos no desafio de enfrentar o tédio da existência.
E assim temos caminhado.
Há dias em que estamos convictos que nihil novi sub soles. Que tudo já aconteceu, e que a alma humana tem uma grande capacidade de se repetir. E se o progresso existe, é certo que não devemos desprezar os antigos. Muito do que achamos ser novo, já era novo há muito tempo.
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