Voz do Associado qui, 27 de julho de 2023
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Por: Carlos Augusto Vieira da Costa,

Ex-presidente da ANPM. Procurador do Município de Curitiba

Ontem foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor – IPCA relativo a junho e pelo terceiro mês consecutivo a variação foi negativa, configurando um panorama pouco conhecido pelos brasileiros, que é o de deflação, ou seja, quando os preços de produtos e serviços consumidos por uma larga margem da população brasileira, tais como alimentos, transportes, comunicação, artigos de residência, habitação, saúde, vestuário e educação, sofrem redução em relação ao mês anterior.

Que grande notícia! Nem tanto. A deflação, por curtos períodos, pode até ter efeitos positivos para a população, mas se prolongada no tempo reflete estagnação econômica decorrente do rebaixamento do poder de compra das pessoas, com consequências severas sobre o segmento produtivo, pois subutiliza a capacidade industrial instalada, depreciando o  parque produtivo e consequentemente reduzindo o emprego e renda em um circuito vicioso.

Por isso, cada vez vai fazendo mais sentido o apelo de Lula ao Banco Central pela queda dos juros, que na última reunião do COPOM foi mantida em 13,75%, que em comparação a uma expectativa real de inflação de 6% para 2023, resulta em juros reais de 7% ao ano, o que, como bem disse o Prêmio Nobel de Economia  Joseph Stiglitz,  é uma “pena de morte” para a economia brasileira.

Mas o Banco Central, hoje, goza de autonomia em relação ao Governo Federal, o que impede o Poder Executivo de tomar qualquer medida direta  em face dessa “crônica de uma morte anunciada” do nosso crescimento econômico, a despeito dos muitos esforços em seu favor.

Contudo, nem tudo está perdido, pois  se  Campos Neto seguir com sua política narcisista de juros altos, o Conselho Monetário Nacional, cuja maioria é integrada por indicados pelo Presidente da República, poderá iniciar um processo impedimento, cuja decisão final caberá ao Senado Federal.

O fato, porém, é que esse processo é desgastante, e pode gerar impacto negativo na economia nacional e queda de investimentos. Mas, de minha parte, tenho o palpite que se na próxima reunião do COPOM a SELIC não for reduzida, Lula não hesitará em sinalizar para o início do processo de fritura do comandante do BC, pois o tempo, nesse caso, corre contra o Governo, que não pode dar sinais de leniência ou deixar a economia perder o bonde do crescimento.

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